"Uma mascara só encobre um rosto até que alguém aventure-se a arrancá-la."

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Aprendizados.

Ontem, pela primeira vez, cheirei pó sem ter como intuito liberar alguma raiva ou matar a fissura. O resultado foi surpreendente.
Minha intenção original era emagracer. Um tanto fútil, eu reconheço. Não estava com vontade, sentia um pouco de medo, mas mantive o plano original. Foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.
Como a intenção original era não sentir fome durante o dia, cheirei várias vezes, em pequena quantidade. Um aprendizado, pois não me senti mal no começo, como normalmente me sinto.
Senti como se cheirasse pela primeira vez, aquela sensação que por tanto tempo busquei e nunca mais consegui achar.
Liberei meus temores, conversei, me senti leve... Chorei, ri, falei para as pessoas o quanto elas me importam. Senti como se estivesse me libertando de algo.
Me surpreendi, pois, apesar de gostar tanto de pó, sempre o vi como uma droga "suja", feia... Sempre o utilizei para libertar a "fera" existente dentro de mim. Mas e ontem, que essa fera estava adormecida? Libertei outras coisas, mais nobres e mais bonitas.
Posso continuar usando pó, mas não usarei mais quando estiver fissurada. A fissura é uma demonstração da "fera", então eu sei que não será igual.
Não alimentarei mais meu vício, usarei apenas em ocasiões especiais. Será assim.
Também não usarei toda vez que quiser libertar essas "coisas boas". Tenho consciência de que, se fizer isso, me condicionarei. Só conseguirei liberá-las quando cheiro, assim como é com a raiva.
O lance com a raiva é estranho. Sempre tive muita dificuladade para soltá-la, muita mesmo. Tenho muito medo de ferir as pessoas de alguma forma. Quando cheirei pela primeira vez, estava completamente enraivecida. Percebi que consegui "soltar" essa raiva facilmente, então continuei, até ficar viciada. Como já contei antes, parei depois de quase três anos.
Ano passado, fui morar com o meu pai e, como o admiro muito, tenho muito medo de ferí-lo. Com a minha mãe, infelizmente, é diferente. Morando com o meu pai, não conseguia liberar absolutamente nada, então, durante um ano inteiro, guardei mágoas, tristezas, aborrecimentos e raiva. Foi horrível.
Esse ano voltei acheirar. Soltei tudo o que estava guardado, continuei cheirando e, novamente, me viciei.
Desde o início, tenho uma relação de amor e ódio com a cocaína. Eu aodeio com todas as minhas forças, mas, mesmo assim, quando me sinto mal ou insegura, recorro a ela.
Ontem isso mudou. Não a odeio mais, mas nem por isso a amo. Sei que devo ter muito cuidado com ela, mas encaro como se tivéssemos "nos entendido".
Começo a achar que qualquer droga pode ser benéfica, dependendo de alguns fatores: Eles podem ser quantidade, qualidade, frequência e, PRINCIPALMENTE, o intuito do uso.
Estou, aos poucos, conseguindo resolver minha "conturbada relação com Isabel".
Algo com que sempre sonhei, de uma maneira acidental. A vida não pode ser planejada sempre. Mais um aprendizado.

3 comentários:

  1. Tinha mais de um mes que eu nao entrava no seu blog.

    Toda vez que venho aqui me surpreendo.

    ResponderExcluir
  2. Se surpreende como? De uma maneira positiva ou negativa?
    Obrigada pela visita!

    ResponderExcluir
  3. TB usei hj e não me senti nem pouco feliz pq acabei magoando as pessoas que Amo. Mas vou vencer.Uso raras vezes mas fico muito ansioso aí começa um atrás do outro.

    ResponderExcluir